quinta-feira, março 15, 2007

Leite, esse perigoso alimento

Comprar leite já não é uma tarefa tão comezinha como era em tempos. Pelo contrário, a escolha do leite pode mesmo revelar muito sobre quem o compra. Antes havia leite. Ponto. Agora, quem queira comprar o precioso néctar sente um arrepio perante a imensa prateleira de opções. E não estou a falar da decisão fácil do gordo, meio-gordo ou magro. Falo do acto de terrorismo psicológico que é ter que escolher entre o que tem vitamina B1 e B2 mas é menos rico em Omega3, por exemplo. Por outro lado, há os que são enriquecidos em cálcio (não deviam ser todos?), mas que deixam muito a desejar em termos de selénio e antioxidantes. Há ainda os que me ameaçam com doses refoçadas de zinco e eu penso se querem mesmo que eu beba litros do mesmo metal que reveste as latas de Coca-Cola. Outros há que garantem ter todos os "ácidos gordos essenciais", e quase posso jurar que ouço a risada do Chucky a sair do vil pacote.

Outro sinal dos tempos modernos é a especificidade de cada tipo de leite. Tem colesterol? Beba leite com Omega3. É gordo? Beba leite magro com fibras e BBA4 (bifidus activos). Tem crianças? Dê-lhes leite com todas as vitaminas possíveis e leve para casa um magnífico balão. As suas crianças têm menos de 2 anos? Leve este leite "especial crescimento", que tem como característica distintiva ser muito mais enjoativo que todos os outros. É monárquico? Leve o pacote azul e branco. É de direita? Leve o pacote laboral. É de esquerda? Beba leite que isso passa. Não bebe leite? Não gosta de leite? Não seja estúpido.

Francamente.