Gente como nós
Sente-se uma certa repulsa quando uma pessoa por quem não temos grande estima intelectual revela a sua admiração por um escritor ou músico que achamos verdadeiramente bom. Alguém que tem por hábito não ter qualquer critério nas suas escolhas é alguém que gostamos de desprezar em silêncio.
Ora, quando essa mesma pessoa mostra que tem, afinal, um ponto em comum com as nossas referências literárias ou musicais, torna-se inevitável sentir que estamos perante o eterno dilema de termos que partilhar as "nossas" coisas com pessoas de quem não gostamos muito. Não é tanto uma questão de narcisismo, mas sim de posse intelectual: é mais difícil aceitar que gente diferente de nós goste de Dylan Thomas ou David Sylvian do que condescender que gente como nós (sempre por mera curiosidade e nunca por genuína devoção) se interesse vagamente por Dan Brown ou Tina Turner.
Ora, quando essa mesma pessoa mostra que tem, afinal, um ponto em comum com as nossas referências literárias ou musicais, torna-se inevitável sentir que estamos perante o eterno dilema de termos que partilhar as "nossas" coisas com pessoas de quem não gostamos muito. Não é tanto uma questão de narcisismo, mas sim de posse intelectual: é mais difícil aceitar que gente diferente de nós goste de Dylan Thomas ou David Sylvian do que condescender que gente como nós (sempre por mera curiosidade e nunca por genuína devoção) se interesse vagamente por Dan Brown ou Tina Turner.
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