sexta-feira, junho 16, 2006

Estar em falta

Encanita-me as pessoas que apregoam estar sempre doentes, vítimas de maleitas várias e muito provavelmente exóticas. Quando há ainda uma réstia de paciência para indagar sobre o seu debilitado estado de saúde, mostram-se surpreendidas com o nosso súbito interesse e quase negam o rol de doenças de que padecem. No fim da conversa, estou mesmo a vê-las apontar num caderninho o número de vezes que telefonámos, numa espécie de registo de assiduidade que determina se somos ou não pessoas amigas: "M. telefonou três vezes este mês, mas entristece-me que A. só tenha ligado uma vez, e ainda por cima a despachar".

Admitiria este tipo de raciocínio ao padre a quem me costumo confessar, por exemplo, muito embora esteja em falta vai para uns largos meses. Pensando um pouco melhor, o meu registo de assiduidade no confessionário deve ser das poucas coisas imaculadas que ainda devo ter.