Não entres tão depressa nessa noite longa e escura
As hostes Portistas estão em polvorosa com o desfecho deste malogrado Conselho do CDS/PP. Não admitem que se tenha decidido convocar um Congresso. Não só não o admitem, como se dizem vítimas da tirania da direcção do partido. Acontece que existe, sim, um requerimento para a convocação de um Congresso, assinado pelos tais 1400 militantes, facto que por si só obriga automaticamente à convocação do mesmo, queira ou não queira a tropa de Portas. Os estatutos prevêm esta situação de uma maneira clara e inequívoca, e Portas - o intitucionalista Portas - deveria ser o primeiro a aceitar esta evidência.
Ao invés disso, Portas prefere adoptar uma postura beatífica perante os jornalistas, dizendo que o seu requerimento para a convocação de eleições directas reuniu a aprovação da maioria dos conselheiros do partido (mais de 60%), e que a "insistência" de Maria José Nogueira Pinto em convocar um Congresso não passa de "mau perder" e de um "amuo". Ora, há aqui de facto um problema de interpretação: a convocação de um Congresso (extraordinário) não é fruto de uma "decisão" da Presidente do Conselho (e muito menos do seu "mau perder" ou de um irresponsável "amuo"), pois - e parece que há coisas que têm que ser ditas ad nauseum - tal é instantaneamente aceite perante as mais de 1000 assinaturas dos militantes nesse sentido. São os estatutos deste partido, são os estatutos que Portas tem que respeitar.
Ainda não contente, Paulo Portas dá uma conferência de imprensa no fim deste longo dia, falando para os militantes do "seu" partido. Este sentido de posse, sem dúvida precipitado, revela infelizmente duas coisas: que Portas não se coíbe de tentar pressionar o Conselho de Jurisdição a dar-lhe um parecer favorável perante um assunto que nem merecia mais polémicas (porque os estatutos - lá está, outra vez - são claros neste ponto); que Portas já se vê como dono e senhor do castelo, uma vez que Ribeiro e Castro não apareceu desde as 3 da tarde, nem ninguém da sua lista de apoiantes. Aliás, o óbvio domínio de opiniões pró-Portas ao longo do dia em Óbidos é também um sinal inequívoco de que, em matéria de marketing político e veiculação de informações, os peões de Portas são muito mais rápidos a chegar aos órgãos de comunicação, aproveitando-se assim da não menos óbvia incompetência de Ribeiro e Castro em fazer-se ouvir e, o que é mais grave, de prever as futuras investidas do inimigo. Seria assim tão descabido prever que Portas teria sempre alguém a falar para as televisões ao longo do dia, passando informações por vezes dúbias sobre o estado de sítio que se vivia dentro daquela sala?
O mais grave, no entanto, é a manipulação dessas informações. Paulo Portas mentiu hoje perante as câmaras quando disse que a decisão da Presidente do Conselho tinha aberto uma cisão no partido, adivinhando-se por isso tempos conturbados. É preciso ter uma distintíssima e rotunda falta de carácter para vir afirmar, na pose impecável e irrepreensível que sempre se lhe conheceu, que outro que não ele é o causador da fracturante instabilidade que se gerou dentro deste pequeno partido, quando na verdade esse tem sido o seu trabalho ao longo destes dois anos de aparente "distância crítica". Acontece que o eleitorado, como Paulo Portas tanto gosta de afirmar, não é estúpido. E o eleitorado já percebeu há muito tempo que se há coisa que chateia Paulo Portas é não ter o controlo sobre o "seu" partido. O eleitorado também já percebeu que não é com intrigas, aparições súbitas e discursos repentistas que se ganha confiança e se ganham eleições. O que Paulo Portas mostrou hoje é o rumo que quer para o partido: um punhado de arrivistas sem escrúpulos e sem valores, disposto a tudo para fazer prevalecer as suas ideias, mesmo que para isso tenha que usurpar vergonhosamente a cadeira do poder. A única coisa que este punhado de arrivistas tem a seu favor é uma intermitente e fraca liderança de Ribeiro e Castro.
Com Congresso ou sem Congresso, o mais provável é que Portas e as suas hostes reconquistem a liderança deste partido, e com ela garantam o acesso aos empregos, cada vez mais escassos - porque é disso que se trata quando se trata de apoiar Paulo Portas.
Prevê-se uma noite longa e escura para o CDS/PP.
Ao invés disso, Portas prefere adoptar uma postura beatífica perante os jornalistas, dizendo que o seu requerimento para a convocação de eleições directas reuniu a aprovação da maioria dos conselheiros do partido (mais de 60%), e que a "insistência" de Maria José Nogueira Pinto em convocar um Congresso não passa de "mau perder" e de um "amuo". Ora, há aqui de facto um problema de interpretação: a convocação de um Congresso (extraordinário) não é fruto de uma "decisão" da Presidente do Conselho (e muito menos do seu "mau perder" ou de um irresponsável "amuo"), pois - e parece que há coisas que têm que ser ditas ad nauseum - tal é instantaneamente aceite perante as mais de 1000 assinaturas dos militantes nesse sentido. São os estatutos deste partido, são os estatutos que Portas tem que respeitar.
Ainda não contente, Paulo Portas dá uma conferência de imprensa no fim deste longo dia, falando para os militantes do "seu" partido. Este sentido de posse, sem dúvida precipitado, revela infelizmente duas coisas: que Portas não se coíbe de tentar pressionar o Conselho de Jurisdição a dar-lhe um parecer favorável perante um assunto que nem merecia mais polémicas (porque os estatutos - lá está, outra vez - são claros neste ponto); que Portas já se vê como dono e senhor do castelo, uma vez que Ribeiro e Castro não apareceu desde as 3 da tarde, nem ninguém da sua lista de apoiantes. Aliás, o óbvio domínio de opiniões pró-Portas ao longo do dia em Óbidos é também um sinal inequívoco de que, em matéria de marketing político e veiculação de informações, os peões de Portas são muito mais rápidos a chegar aos órgãos de comunicação, aproveitando-se assim da não menos óbvia incompetência de Ribeiro e Castro em fazer-se ouvir e, o que é mais grave, de prever as futuras investidas do inimigo. Seria assim tão descabido prever que Portas teria sempre alguém a falar para as televisões ao longo do dia, passando informações por vezes dúbias sobre o estado de sítio que se vivia dentro daquela sala?
O mais grave, no entanto, é a manipulação dessas informações. Paulo Portas mentiu hoje perante as câmaras quando disse que a decisão da Presidente do Conselho tinha aberto uma cisão no partido, adivinhando-se por isso tempos conturbados. É preciso ter uma distintíssima e rotunda falta de carácter para vir afirmar, na pose impecável e irrepreensível que sempre se lhe conheceu, que outro que não ele é o causador da fracturante instabilidade que se gerou dentro deste pequeno partido, quando na verdade esse tem sido o seu trabalho ao longo destes dois anos de aparente "distância crítica". Acontece que o eleitorado, como Paulo Portas tanto gosta de afirmar, não é estúpido. E o eleitorado já percebeu há muito tempo que se há coisa que chateia Paulo Portas é não ter o controlo sobre o "seu" partido. O eleitorado também já percebeu que não é com intrigas, aparições súbitas e discursos repentistas que se ganha confiança e se ganham eleições. O que Paulo Portas mostrou hoje é o rumo que quer para o partido: um punhado de arrivistas sem escrúpulos e sem valores, disposto a tudo para fazer prevalecer as suas ideias, mesmo que para isso tenha que usurpar vergonhosamente a cadeira do poder. A única coisa que este punhado de arrivistas tem a seu favor é uma intermitente e fraca liderança de Ribeiro e Castro.
Com Congresso ou sem Congresso, o mais provável é que Portas e as suas hostes reconquistem a liderança deste partido, e com ela garantam o acesso aos empregos, cada vez mais escassos - porque é disso que se trata quando se trata de apoiar Paulo Portas.
Prevê-se uma noite longa e escura para o CDS/PP.
<< Home