Um dia normal de trabalho
Circulo, a muito custo, por entre os elefantes de quatro rodas espalhados pela praça do Império. O «agente d'autoridade» manda-me encostar e pergunta-me, com a fina ironia característica da espécie:
- Desculpe, vai participar no Lisboa-Dakar?
- Não, vou dar aulas ali mesmo à frente. Posso passar?
- Lamento, mas a via encontra-se temporariamente obstruída.
- Bem sei, mas é que é mesmo já ali à frente.
- Tem que ir dar a 'volta por trás' (= buzinadelas, filas intermináveis, serpentinas de eléctricos parados)
Depois da odisseia rodoviária e da consequente irritação, foi com particular empolamento que me dediquei ao tema da regressão civilizacional das crianças no livro Lord of The Flies, conseguindo até (milagre) arrancar alguns alunos do estado catatónico habitual. Ou, por outras palavras, um dia normal de trabalho enquanto acto contínuo de expiação.
- Desculpe, vai participar no Lisboa-Dakar?
- Não, vou dar aulas ali mesmo à frente. Posso passar?
- Lamento, mas a via encontra-se temporariamente obstruída.
- Bem sei, mas é que é mesmo já ali à frente.
- Tem que ir dar a 'volta por trás' (= buzinadelas, filas intermináveis, serpentinas de eléctricos parados)
Depois da odisseia rodoviária e da consequente irritação, foi com particular empolamento que me dediquei ao tema da regressão civilizacional das crianças no livro Lord of The Flies, conseguindo até (milagre) arrancar alguns alunos do estado catatónico habitual. Ou, por outras palavras, um dia normal de trabalho enquanto acto contínuo de expiação.
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