Em primeiro lugar, agradeço com exageradas vénias à
Joana, ao
Paulo e ao
Esplanando por considerarem este botequim um blog "elencável", o que quer que isso signifique.
Em segundo lugar, a
Mafalda pede-me uma revelação bibliográfica da área da minha mesa de cabeceira, que não é bem uma mesa, que se estende para o chão, que se encaracola
(assim mesmo, encaracola) pela parede acima, mas ainda assim serve. Sem qualquer ordem especial:
1.
Memorial de Aires, de Machado de Assis (colecção outono-inverno da Cotovia, mas igualmente aconselhável em tempo ameno)
2.
Tales of Mystery and Imagination, de Edgar Allen Poe, numa edição magnífica com ilustrações fantasmagóricas e tim-burtonianas que encontrei na Fnac do Chiado, entre a secção de gastronomia, a secção de viagens e uma quebra de tensão por causa da falta de ar condicionado. No fim, cheguei a casa com esta preciosidade e um pacote de açúcar. Valeu a pena.
3.
The Robert Crumb Handbook, porque não há nada melhor do que adormecer com 400 páginas de humor cáustico e outras bizarrias ao colo.
4.
Senhor Fantasma, de Pedro Mexia. Lembro-me de alguém que costumava dizer, com sotaque beirão: "Gosto muto de «pujia»". Eu também.
5.
O Nariz, de Nikolai Gógol, porque não perco um único livro que tenha sido traduzido do russo pelo casal Nina-Filipe Guerra. Bom, talvez um ou outro.
Finalmente, o desafio mais difícil de responder: o
Maradona pergunta-me quais foram as últimas cinco imperiais que bebi. Não sei se terei bebido tantas em toda a minha vida, visto que padeço deste mal que é não gostar de cerveja (neste momento,
Maradona revira os olhos e conclui de imediato que uma pessoa que não gosta de cerveja é uma daquelas pessoas que simplesmente não deveria ter o direito à vida).
Lembro-me da última, sim, em 1999 (parece-me), durante um concerto dos James no SALódromo (nome pomposo para um recinto improvisado a partir de um parque de estacionamento junto à Expo). O bilhete custava 5 euros e dava-me ainda uma cerveja "grátes" - irrecusável, ainda que a dita tenha sido entornada por cima de alguém, para grande alívio meu.
Recuando até 1995 e aos meus doces 16 anos (peço ao meu pai que não leia isto, por favor), lembro-me de um jantar de turma do liceu, numa daquelas churrasqueiras manhosas em Alcântara. A ementa (única) constava de febras, batatas fritas e tinto e cerveja "à discrição", pelo menos até à meia noite. Penso que terei entornado mais umas quatro imperiais para cima de alguém durante esse jantar, à medida que os meus colegas de turma se iam transformando em pequenos monstros etílicos, entoando hinos do Benfica e do Sporting e eu a pensar que o tinto da casa era uma bela pomada e que me ajudaria a ultrapassar aquele cenário dantesco. Para que saibas,
Maradona, que os tempos de liceu foram tão difíceis nessa margem como neste lado do rio.