sábado, setembro 30, 2006

Sono pesado

Mais Valium do que dois.

Divulgação institucional


23 autores, 60 frases aforísticas, 88 páginas, capa amarela tipo marca de detergente holandês, a editora é a Livramento, criada no T-zero do Nuno Costa Santos, vende-se e encomenda-se na Ler Devagar (junto à Galeria Zé dos Bois, ao Bairro Alto). Mais informações úteis, tais como quem, como e porquê, em casa da Sara Pais.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Frenético

O zapping era mais do que frenético entre o jogo do Arsenal-Porto e o jogo do Benfica-Manchester. Não mais do que 3 segundos em cada canal, para tentar não perder os melhores lances de ambos os jogos. Com tudo isto, juro que a única jogada que sou capaz de reconstruir na minha cabeça foi um passe magnífico de Cristiano Ronaldo directamente para os pés de Gallas, que pelas minhas contas deve ter fintado sucessivamente Bosingwa, Katsouranis e Heinze, sendo que este último levou um cartão amarelo ao mesmo tempo que Rosicky, o que achei estranho. Ainda assim, não tão estranho como aquela jogada maravilhosa que começou no contra-ataque do Manchester e acabou em golo na baliza de Helton. Fantástico ainda o momento em que Lucho centrou para Nuno Gomes, bastante apagado na mesma área onde brilhou Thierry Henry. Fernando Santos está de parabéns. Acho eu.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Something or half of something




And I'd like to remind you
Of something small
That the rock in this pocket
Could cause your fall




- "Rock in This Pocket", Suzanne Vega

Numa palavra

Em dois minutos apenas, uma actriz sentada ao meu lado conseguiu enumerar dezenas de títulos de livros, não se privando de dar uma opinião sobre cada um deles. Daquilo que me lembro de ter ouvido, fiquei a saber que Os Anões de Harold Pinter é um livro "capaz", Um Bom Homem É Difícil de Encontrar de Flannery O'Connor é "exuberante", mas Brooklin Follies de Paul Auster é uma verdadeira "escarreta". Numa palavra.

sábado, setembro 23, 2006

Como disse?

Quando acordei, já não muito de manhã, pensei comprar o SOL. Se calhar a minha primeira impressão tinha sido algo injusta. Se calhar, com o tempo, o SOL pode vir a ser um grande semanário português e uma referência do jornalismo, quiçá a nível europeu.

Com esta súbita vontade de praticar o bem e de dar uma segunda oportunidade a quem quer que seja que me tenha ofendido nos últimos 27 anos, dirigi-me ao quiosque do costume para me deparar com o dito jornal preso com molas, bem destacado no meio dos outros. E foi então que me lembrei da saudosa Fernanda Cavacas (?), que no não menos saudoso programa Acontece tinha uma pequena rubrica semanal onde se entretinha a corrigir os erros de sintaxe e ortografia que iam aparecendo em jornais ou nos discursos de políticos deste meu país. Saudades daquela mãozinha rechonchuda em concha à volta da orelha, semblante carregado de professora de geografia nos anos 60 perante a incapacidade do aluno de enumerar todos os afluentes do rio Catumbela, perguntando com horror, depois da repetição enjoativa do erro: "Como disse? Não... não... está e-rra-do. Lugela, como o menino devia saber muito bem, é um afluente do rio Licungo, em Moçambique. Correcto seria dizer, por exemplo, Cuíva ou Cubal."(*)

E qual é a relação entre Fernanda Cavacas e o semanário SOL? Passo a explicar: escancarada na primeira página estava a notícia arrasadora (a julgar pelo tamanho das letras e pelo lugar de destaque) de que "um quarto dos portugueses preferiam ser espanhóis". Como disse? Correcto seria dizer "prefere", como aliás qualquer corrector ortográfico básico do Word pode comprovar, e o prontuário também. Perante isto, esfumou-se a minha boa vontade e levei para casa apenas o Expresso. Eu e a Fernanda Cavacas, pelo menos.



(*) Informações retiradas do Wikipedia, porque eu nem os afluentes dos rios da metrópole sei de cor.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Habetis Papam

Hoje, uma vez mais, o Papa Bento XVI explicou que a citação que tanta azia tem provocado não reflecte a sua própria forma de pensar; bem pelo contrário, era uma maneira ilustrativa de evidenciar que a violência não deve ser usada em nome da religião.

A adequação da linguagem usada num discurso, tendo em conta o público a quem este é dirigido, é tão ou mais importante do que a mensagem nele veiculada. Se, em alguns casos, a falha de comunicação se deve à incapacidade do interlocutor em reconhecer as limitações (intelectuais, culturais, cognitivas) daqueles que o escutam, neste caso concreto a mensagem só não foi entendida - e, o que é mais grave, foi deturpada e manipulada pelos meios de comunicação - por quem não pode (ou não quer) perceber que o mundo islâmico não tem como inimigo e perseguidor o supremo chefe da igreja católica. Só assim se explica o redobrado cuidado de Bento XVI em mais uma declaração sobre o assunto, para que não haja dúvidas de que um papa é, antes de mais, um pregador da doutrina cristã que fala para multidões de ignorantes e de sábios, católicos ou não católicos, com igual eloquência e clareza.

Todos os católicos sabem que o discurso de Bento XVI é universal, e cada vez mais se compreende e se aceita a importância do ecumenismo como forma de evolução da própria história da religião. Num mundo em que uma mensagem demora apenas alguns instantes a ser transmitida através dos media por todos os cantos do planeta, seria no mínimo ingénuo pensar que quando o Papa discursa só tem intenção de se dirigir hermeticamente aos "seus". Há que perceber, com urgência, que 'Habemus Papam' também quer dizer 'Habetis Papam'.

domingo, setembro 17, 2006

Paliativos de fim de semana

Rovamycine 500, Silomat, Constipal, jornalada vária, fim do livro do Philip Roth, mais uns episódios do Nip Tuck, Bob Dylan e Nick Drake em saxofone, futebol quase em surdina e jogadores com nomes exóticos. Em suma, germes e bailado moderno.

sábado, setembro 16, 2006

Post sobre o novo semanário SOL, mas sem trocadilhos forçados com a palavra

O semanário SOL custa dois euros e o seu editor anuncia, ufano, que tem muito mais páginas do que era previsto dada a procura "inesperada" de publicidade. É pena. Teria ficado satisfeita se o novo semanário se reduzisse ao relato da semana do avô Marcelo Rebelo de Sousa e dos seus netos, o Francisquinho e a Teresinha (pp. 94 e 95), às posições e travessuras da Margarida Rebelo Pinto (p. 64), que põe a sua sabedoria ao nosso dispor, tanto na área do erotismo como na divulgação de factos históricos surpreendentes ("Infante D. Henrique - [que] segundo as más-línguas da época, era gay"), e por fim à revitalizante página dedicada a gadgets e jogos electrónicos (pp. 88 e 89), com especial destaque para o jogo que tem como protagonista Cristiano Ronaldo, a braços com a ameaça de "esqueletos que surgem no meio do campo quando menos se espera, 'trolls' que criam lençóis de gelo ou ninfas demoníacas que seduzem os adversários".

Vi o sr. Isaltino na televisão muito indigando com a notícia de capa deste jornal, mas desde já me parece que essa, a ser verdadeira, será a única notícia realmente fresca deste semanário. Claro que por dois euros não se pode pedir mais. Um jornal que, aliás, faz questão de avisar os leitores mais incautos que "não oferece brindes nem faz promoções", oferece em contrapartida uma inovadora sondagem sobre os melhores e piores presidentes e primeiros-ministros deste país (pp.20 e 21), sondagem esta onde o Professor Doutor Oliveira Salazar recolhe apenas 5% dos votos no ranking dos melhores, enquanto que o Engenheiro António Guterres consegue a medalha de bronze com 13,4%. Jornalismo "acutilante", "profundo" e "não propagandístico"? Certamente.

E o que dizer, então, da entrevista da Filomena Mónica, logo na segunda página, onde a socióloga tece comentários sobre a compleição física de figuras políticas proeminentes? As setas do Cupido Mónica acertam em cheio: Mário Soares "tem ar de folgazão, de quem teve inúmeras amantes [mas] não me irrita porque não é hipócrita"; Cavaco Silva é "limitado" porque, pasme-se, "gosta da mulher, dos filhos e da vida que tem". Filomena Mónica, pelo contrário, é ilimitada nos reparos que faz a Santana Lopes: "Com 50 [anos], Santana deveria ter aguma maturidade emocional e sexual que obviamente não tem". Já a socióloga, com 63, pauta-se por uma discrição comovente e digna na sua autobiografia.

Por fim, e usando a terminologia científica do novo Paulo Portas (agora na versão Lauro António), o novo semanário SOL é "do caraças".

terça-feira, setembro 12, 2006

Banda sonora para mais um outono




Por aqui já se ouve o primeiro single do segundo álbum de Micah P. Hinson, agora com uns ajuizados 21 anos.


Just keep on, and it'll be better in a year.


- "Jackeyed", Micah P. Hinson and the Opera Circuit

sexta-feira, setembro 08, 2006

Holiday out

Não me lembro de nenhumas outras férias onde estivesse tão pouco tempo (nunca mais de uma semana) em tantos sítios diferentes. Pelas minhas contas, foram oito viagens de avião em menos de dois meses e várias centenas de quilómetros em estrada, o que obrigou a uma complicada acrobacia de malas às costas. A partir da próxima semana regressa o sedentarismo e, com ele, a prazenteira rotina de dias que se esperam preenchidos de memórias futuras.

La Folie


Throughout the night
No need to fight...



... Never a frown
With Gordon Brown.

Separados à nascença

Ontem houve assembleia geral em Barcelos

quinta-feira, setembro 07, 2006

Anatomia

Num quarto de hotel, penso como é difícil recusar a própria anatomia.

Realismo mágico

Não apenas uma designação literária, mas um modo consciente de se estar absolutamente embrenhado num longo parágrafo. Sabe-se onde começou, sabe-se que irá terminar algures no tempo de uma página, mas sabe-se também que não há nada mais irrelevante do que o princípio ou o fim de um longo parágrafo.

quarta-feira, setembro 06, 2006

"Guardar como Borrador"

É o mesmo que "Save as Draft" - eis o Blogger, em espanhol, e mais uma razão para o meu mais que confesso anglicismo.

Mais um postal de Pamplona

Os jornais regionais rejubilam com o estado de calamidade do futebol português. A cumprir-se o castigo da FIFA, o Osasuna está em primeiro lugar para tomar o lugar das equipas portuguesas "dispensadas". Os adeptos do Osasuna (osasuninos? osasunanos? osasúnios?) torcem os dedinhos todos para que o Gil Vicente não desista, e vão confiando na azelhice natural do seu dirigente para afundar de uma vez os grandes clubes portugueses. Não deixa de ser enternecedor como estes espanhóis conhecem bem demais a inenarrável estupidez de alguns dos seus vizinhos portugueses, e tudo me leva a crer que Fiuza encabeça a lista com distinção e louvor. A equipa do Osasuna, entretanto, já começou a treinar para a Liga dos Campeões. No lugar deles, faria o mesmo.

Postal de Pamplona

Imagino Hemingway por estes dias em Pamplona e não vejo como 48 graus centígrados possam ajudar um escritor na sua arte criativa, quando a única coisa que se vê são corpos líquidos de gente a derreter-se pelas ruas e esplanadas. Não há escrita sem estética.